A morte e o nascimento físicos são apenas dois momentos num mundo de mortes e nascimentos que vivemos. Até as religiões e as fábricas de pensamento mais caretas nos ensinam a olhar para a vida como uma série de ciclos e rupturas, onde as coisas se transformam e nos tornam diferentes. Um bando de começos e fins absolutos em linha reta: batismo, primeiro colégio, crisma, universidade, primeiro carro, primeiro emprego, casamento, filhos, aposentadoria e, enfim, extrema unção.
Bom, não está errado, mas, eu pessoalmente acredito, não está completamente certo. Essas mortes e nascimentos não são absolutos, pois não vivemos uma só linha. As moiras, que fiam, desfiam e tecem nossos destinos, não tem em suas mãos apenas um fio, mas um bando de carretéis de linhas das mais diversas cores e comprimentos que tornam nossas vidas essas belas confusões que fingimos entender.
E destes carretéis brotam diversos ciclos multifatoriais que rodam de forma ao mesmo tempo independente e interveniente. Um ciclo ainda está rodando enquanto outro acaba; outro surge no meio de um bando de outros; alguns se unem, outros se acabam, uns se fecham, mas todos se transformam. Por isso, a nossa petulância de fazer planos nesses labirintos da vida, já preconizada por John Lennon, é uma piada.
Mas há um ponto importante a respeito desses labirintos. Em inglês, temos duas palavras para labirinto: maze e labyrinth. Maze é aquele com que brincamos nas revistas de palavras cruzadas, tentando encontrar o caminho para o outro lado. Ele representa a visão tradicional da vida: cheia de decisões, certas e/ou erradas, na busca de um determinado fim. O Labyrinth também parece um emaranhado de caminhos, mas ele é uma linha única que nos leva, não para fora, mas para dentro de nós mesmos. Nele, não há caminho errado, nem certo; há apenas o caminho.
Na minha concepção, a vida é um Labyrinth. Por mais que demos voltas e voltas, nos sintamos perdidos e presos, o caminho é sempre o caminho. Difícil, fácil, longo, curto, apenas o caminho. E nesse labirinto, como disse Jeff Bridges só há uma decisão: entrar. Do resto o próprio caminho se encarrega.
Sobre A Década Perdida
Por falar em ciclos, enfim, as minhas cópias de A Década Perdida chegaram e farei o lançamento aqui no escritório. O dia e o horário? 15 de outubro às 15h. Tenho poucas cópias, não farei reservas (tirando a sua, Camila Maluca), por isso, se não comprou na pré-venda, chegue cedo para garantir a sua edição. Queridos e queridas que compraram na pré-venda vão ganhar um presente especial e exclusivo (vou te enviar um também, Camila. Você merece.).
Lançamento A DÉCADA PERDIDA
LOCAL: Salvatore Café, Rua Senador Corrêa, 32 - loja d - Laranjeiras, Rio de Janeiro
QUANDO: 15 de outubro de 2022 às 15h
Se não puder vir e quiser comprar o livro: ele está disponível no site da Pedregulho.
Ah, e se você já recebeu o livro, por favor, posta uma foto no Instagram e me marca. Curioso para saber suas impressões.
Por falar nisso…
Vivo falando de labirintos e a culpa é do Jeff Bridges. Sabia que além de um puta ator, ele também tem o melhor website pessoal de toda a internet? Pois, é. Tem.
Por falar em labirintos, me meti em um novo: #LITEROUTUBRO. Mais uma criação da newsletter TORANJA, da qual tenho muito orgulho de fazer parte, o #LITEROUTUBRO é um desafio literário de escrever um texto de até 250 palavras, a cada dia de outubro, inspirado por uma palavra que nós cientificamente escolhemos para você. Mentira, eu sorteei várias, mas conta pra ninguém. Já está participando? Não? Então junte-se a nós nesse labirinto maluco.
Estou com esse tema de mortes e nascimentos na cabeça por conta do lançamento do livro, e acabei escrevendo e revisitando um bando de textos sobre o tema:
Relembrei a inauguração da Baratos da Ribeiro nos seus 10 anos, há 12 anos
Me questionei onde foi parar meu quarto de adolescente
Tentei resumir toda uma vida numa relação com uma só senhora
Enfim, descobri: ninguém é substituível
No mais é isso. Espero ver você sábado que vem. Ah e, parafraseando Bacurau, se for, vá na paz.
Abraços,
Lisandro Gaertner
Seu livro chegou aqui, tá lindo, lerei assim que desempacar de outro que tô quase no final!
Eu tô amando a jornada no nosso Literoutubro, <3
Queria comer essa empadinha com cerveja no lançamento, quando for ao Rio a gente marca esse rolê.
beijo