É, pessoal. Mais um ano termina e o mesmo sentimento de “não fiz nada esse ano” se repete. Não sei aí com vocês, mas, pra mim, cognitivamente, eu sei que é mentira. Trabalho como um burro de carga; não sei dizer “não”; e, vez outra, ainda sou obrigado a encarar gente me perguntando “Como você consegue fazer tanta coisa?”. Apesar de todos esses sinais em contrário, emocionalmente, chego um trapo aos estertores de dezembro, me açoitando por ser tão preguiçoso e pouco produtivo.
Tá, pode ser Gaslighting institucional; boleto espiritual da sociedade do cansaço; ou só um pequeno sinal de masoquismo; mas taí um troço que eu gostaria de me livrar no ano que vem. Queria chegar no fim de 2023, se não dizendo “uau, nesse ano, eu arrebentei”, pelo menos tranquilo que fiz o que deu pra fazer.
O problema é que sei que não vou conseguir fazer isso sozinho. O meu instinto antissocial, exacerbado pela pandemia, que me impulsiona a ser a proverbial alcateia de um homem só, não me permite perceber tudo o que produzi, nem comemorar as coisas que criei.
O que normalmente faço, depois de pelejar pacas, e entregar algo complexo e difícil, é sentar no escritório, pedir uma cerveja e murmurar: “ufa, me livrei de mais esse pepino”. Sim, eu sei, isso não é vida.
Por isso, se posso escolher um tema pro ano que vem, ele vai ser parceria. Parceria em tudo. Na família, com os amigos, no trabalho, nos hobbies e nas criações artísticas. Não quero fazer mais, nem menos, quero apenas fazer junto. Fazer junto para aliviar a minha carga, para dividir sucessos e fracassos, para aprender coletivamente, e para ser um pouco mais feliz.
Assim, se estiverem nessa vibe de abrir parcerias e tornar os nossos dias de 2023 menos pesados e mais prazerosos, me escrevam e vamos conversar. Vai ser um prazer criar esse novo ano junto com vocês.
Retrospectiva pra quem precisa de retrospectiva:
Então, vamos lá.
Em janeiro, em vez de passar as férias com tranquilidade, resolvi montar o Micro Conte-se, um desafio diário de escrita. Foi uma jornada de 21 dias onde fiz novos amigos e construí o piloto de algo que desabrochou de verdade no fim do ano.
De fevereiro à maio, me meti mais uma vez no #The100DayProject. Dessa vez criei o #100sorte, 100 mensagens cáusticas de biscoitos da sorte(?), que enviei a um grupo de cobaias, quer dizer, amigos, todos os dias. Se quiser conferir, estão todas aqui. Mas vocês também podem me dar e lhes dar um presente natal, comprando o e-book.
Em abril, terminei uma noveleta que estava me assombrando há anos. Enfim, depois de 5 anos de bloqueios, reescritas, e desespero, Alchemy, uma recriação ficcional das minhas memórias de adolescência, viu o mundo. O e-book está disponível na Amazon. Já aviso, não é uma leitura fácil, assim como não foi uma escrita fácil.
Em junho, em parceria com a paulamaria, lançamos a Toranja, uma newsletter de desafios criativos. Hoje já temos uma comunidade de quase 500 pessoas exercitando sua criatividade com as propostas malucas que enviamos quinzenalmente. Ainda não conhece a Toranja? Sério? Não marquem touca e se inscrevam já! Temos até desafio para a virada do ano.
Em agosto entrou em pré-venda meu primeiro livro físico, A Década Perdida, reunindo contos escritos sobre as nossas mazelas desde 2013 até o fim do (des)governo da besta fera. Se ainda não leu, ainda dá pra comprar no site da editora. Cliquem aqui e garantam as suas edições.
Em outubro, instituímos na Toranja, aos moldes do Inktober, o Literoutubro. 31 dias de desafios de escrita com temas nada convencionais. Foi genial ver a comunidade produzindo e encarando seus próprios fantasmas. Eu sei que encarei os meus.
E pra fechar o ano, meu conto/crônica “Tá Tudo Bem” foi incluído na coletânea +HUMOR do selo OFF-FLIP, com lançamento previsto para abril de 2023.
No mais, escrevi pequenas crônicas, enviei essas newsletters, li à beça, trabalhei pacas, paguei meus boletos e, espero, trouxe mais alegria do que tristeza aos que me cercam.
É, olhando bem, mesmo com bicentenário, eleições, copa mundo, e o escambau, foi um ano bem produtivo, quer dizer, consegui fazer o melhor que podia em 2022.
Então, já posso considerar que completei essa resolução de 2023?
No mais, é isso.
Feliz Natal, ótimo ano novo e boas festas, à parte, o que desejo é um bom descanso pra todos nós, o direito mais fundamental e mais relegado dentre os direitos humanos não escritos
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BONA TO VADA!
Lisandro Gaertner
Baita retro! 🎂 2023 que nos aguarde ⚡